Bubbaloo de uva com sabor de precipício
Gostava de cabelos soltos, penteados apenas com o balançar do vento. Fazer bolinhos de terra era minha brincadeira favorita. Tão bom que até achei que fosse me aventurar mais na cozinha. Não foi o que aconteceu, inclusive, na transição da infância para adolescência, nem de bolo eu gostava.
Adorava dar maria cambota no chão. Nos braços das árvores eu tinha medo de cair e quebrar o pescoço. Um dos meus maiores medos na infância era o de quebrar o pescoço. Sempre me diziam que isso era fatal. Outro era de engolir chiclete, dava nó nas tripas. Isso também era fatal.
Um dia, engoli um Bubbaloo de uva. Fui beber água sem tirá-lo da boca e o pior aconteceu. Era um caminho sem volta. Tentei cuspí-lo, mas já não adiantava mais nada. Minha sentença estava escrita. Quão jovem eu era pra morrer e a única coisa que me restava fazer nos meus últimos minutos de vida era me despedir de minha avó e minha mãe, deitadas no sofá. Ao ver meu choro e saberem o motivo, disseram pra eu não me preocupar, que eu não morreria, mas que devia ficar atenta pra não acontecer novamente. Nunca soube o porquê da morte me abrir essa exceção. O que sei é que nunca mais gostei de Bubbaloos de uva, tem gostinho de precipício.
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